Introdução
Mais de dois anos após protagonizar um dos maiores escândalos contábeis da história do mercado financeiro brasileiro, a Americanas (AMER3) começa a trilhar um caminho de recuperação e reconstrução. A companhia, que entrou em recuperação judicial em 2023, agora foca em sua reestruturação interna e busca retomar o crescimento sustentável.
Sob nova gestão e com uma estratégia mais clara, a varejista busca reconquistar a confiança do mercado e dos consumidores, sem perder de vista sua essência: estar presente no dia a dia dos brasileiros.
Um cliente fiel e vendas em alta
Mesmo diante de um cenário turbulento, a presença das Lojas Americanas continua forte no imaginário do consumidor brasileiro. As unidades físicas, conhecidas por vender de tudo um pouco — de chocolates a itens de utilidade doméstica — seguem atraindo público.
Fernando Soares, diretor de operações da companhia, afirma que os consumidores nunca abandonaram a marca.
“O cliente permaneceu fiel. Se estivéssemos enfrentando queda nas vendas, seria uma situação muito mais difícil. Mas o que temos observado é justamente o contrário: crescimento nas vendas e aumento da frequência nas lojas.”
Esse comportamento tem sido essencial para manter a operação viva e criar uma base sólida para o processo de reestruturação.
Nova liderança, novos rumos
Com a chegada de Leonardo Coelho como CEO e Camille Faria como diretora financeira (CFO), a Americanas passou a operar com um foco mais pragmático e estratégico. Ambos assumiram a responsabilidade de reorganizar a empresa e traçar um caminho mais racional e enxuto para o futuro.
Segundo Coelho, saber exatamente o que a empresa não quer fazer tem sido tão importante quanto definir suas prioridades.
“Fomos rápidos em decidir o que não fazia mais sentido para o negócio. Um exemplo claro é a redução de eletrodomésticos e televisores grandes nas lojas físicas. Esses produtos demandam espaço, têm logística cara e margens baixas”, explicou.
Por outro lado, iniciativas como o lançamento de uma linha de marca própria ainda estão em fase de desenvolvimento e ajustes, refletindo a cautela da nova gestão.
Reestruturação de ativos e foco no core business
A companhia também está avaliando ativos que não fazem parte do seu negócio principal. Um exemplo citado pela CFO Camille Faria é o Hortifruti Natural da Terra (HNT). A venda do ativo está nos planos, mas somente será realizada caso o valor proposto esteja alinhado com a realidade do mercado.
“Estamos atentos às oportunidades, mas não vamos abrir mão de ativos por valores abaixo do justo”, afirmou.
Conclusão
Aos poucos, a Americanas está deixando para trás o caos administrativo e os escândalos que abalaram sua reputação. A atual gestão demonstra foco, disciplina e uma estratégia clara para tornar a empresa mais eficiente, sustentável e competitiva.
Embora ainda enfrente desafios, a varejista começa a se reaproximar de um modelo de empresa “normal” — como define seu CEO — e mostra sinais de que pode sim voltar a ser uma referência no setor.