Com 7% no primeiro trimestre, a taxa de desemprego no Brasil apresenta tendência de alta [confira quadro abaixo], mas segue abaixo de igual período de 2024 (7,9%). E é a menor, também nesse intervalo, da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE. Em relação a dezembro, são 1,3 milhão de ocupados a menos (-1,3%) e 891 mil desempregados a mais (+13,1%). O desemprego foi de certa forma atenuado pela saída de pessoas do mercado (444 mil, -0,4%).
Além disso, as vagas fechadas são, basicamente, de trabalhadores sem carteira ou por conta própria. Com isso, a informalidade diminuiu. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o país tem 1,4 milhão de pessoas a mais na força de trabalho (+1,3%), 2,3 milhões de ocupados a mais (+2,3%) e 909 mil desempregados a menos (-10,5%): 110,2 milhões, 102,5 milhões e 7,7 milhões, respectivamente. Ainda tendo o 1T24 como referência, o comércio é o setor privado com maior número de vagas criadas (592 mil).
“O bom desempenho do mercado de trabalho nos últimos trimestres não chega a ser comprometido pelo crescimento sazonal da desocupação”, afirmou a coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy. “Mesmo com expansão trimestral, a taxa de desocupação [desemprego] do primeiro trimestre de 2025 é menor que todas as registradas nesse mesmo período de anos anteriores.” A taxa de informalidade corresponde a 38% dos ocupados – 38,9 milhões de trabalhadores. Estava em 38,6% no trimestre encerrado em dezembro e 38,9% há um ano.
O emprego com carteira assinada no setor privado variou 0,5% no trimestre (resultado que o IBGE aponta como estável), com 201 mil pessoas a mais, somando 39,4 milhões. Ante março de 2024, acréscimo de 1,5 milhão (+3,9%). O emprego sem carteira cai 5,3% no trimestre (menos 751 mil, para 13,5 milhões) e varia 0,5% em um ano (70 mil). Já o número de trabalhadores por conta própria (25,9 milhões) varia -0,5% no trimestre (menos 124 mil) e 2% em 12 meses (mais 496 mil). Assim, os com carteira representam agora 38,5% dos ocupados – eram 37,9% um ano atrás. Os sem carteira foram de 13,4% para 13,1%.
Entre os setores de atividade, só houve quedas ou estabilidade no primeiro trimestre em relação a dezembro. Na construção civil, por exemplo, o emprego caiu 5% (menos 397 mil pessoas). Em serviços de alojamento e alimentação, a retração foi de 3,3% (menos 190 mil). Já na comparação com os três primeiros meses de 2024, a agricultura cai 4,2% (menos 334 mil ocupados) e a indústria sobe 3,3% (431 mil). Com mais 592 mil ocupados, o comércio/reparação de veículos cresce 3,1% – são 19,6 milhões de pessoas no total. A administração pública, segmento que inclui seguridade, saúde e educação, teve alta de 4%, com mais 713 mil pessoas.
Estimado pelo IBGE em R$ 3.410, o rendimento médio ficou estável no trimestre e cresceu 4% em um ano , acumulado em 5,48%. A massa de rendimentos soma R$ 345,5 bilhões, com variação trimestral de -0,1% e alta anual de 6,6%.
A divulgação da taxa oficial de desemprego ocorre na véspera do 1º de Maio, Dia do Trabalho, que neste ano terá seu principal evento na praça Campo de Bagatelle, Zona Norte de São Paulo. Na terça-feira (29), representantes de centrais sindicais entregaram documento com reivindicações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O documento tem 26 itens. Entre os principais, redução da jornada de trabalho, fim da escala 6×1, valorização da negociação coletiva e restabelecimento das homologações nas entidades sindicais (o que deixou de ser feito a partir da Reforma Trabalhista implementada em 2017).
Com informações de Agência DCNews
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